Nasceu no meu coração o desejo de servir a Deus com minha profissão, dons e talentos no Senegal.Quero dar as primícias da minha formação acadêmica e ser instrumento nas mãos do autor da vida, dedicar tout pour le Sénégal!!

domingo, 11 de abril de 2010

Texto que fiz no dia da indepêndencia!!!

Ousei a vestir uma abaaya



Certo dia um missionário foi à igreja que eu freqüento(Igreja Presbiteriana Central de Uberlândia) e mostrou um vídeo sobre o trabalho realizado nas terras senegalesas, mostrou a necessidade de profissionais da saúde de se integrarem ao trabalho. Esse missionário se foi e o desejo de ir, ficou em meu coração. Dois anos depois o mesmo missionário voltou a minha igreja, e dessa vez falou somente com os jovens, mostrou outro vídeo, e dessa vez parecia estar falando somente comigo, falava sobre a necessidade de dentistas, e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas, completamente contra minha vontade. E cada vez que ele falava, os jovens me olhavam como querendo ver minha reação diante daquelas palavras . Eu tentava esconder meu rosto como que querendo esconder as lágrimas e o desejo incontrolável de ir. O pastor encerrou a palavra dele e, voltando-se para mim, disse que queria falar comigo. Eu me arrepiei; fui ao encontro dele. O missionário apresentou a melhor data para que eu fosse passar um mês das minhas férias no Senegal. A evangelista de minhã igreja e responsável pela Secretaria de Missões, Alda Borges, interveio na conversa e disse ao missionário que seria ideal se eu pudesse ir no começo do ano de 2010 e passasse seis meses como missionária voluntária. Eu arregalei os olhos mas entendi a proposta, faltava um semestre para concluir o curso de odontologia. Resolvi que os seis primeiros meses após a conclusão do curso seriam oferecidos ao Senhor como sinal de primícia da minha profissão. O pastor disse que a data que estávamos propondo não seria possível, por diversos motivos. Nós lamentamos, nos despedimos e eu já caminhava pra fora do templo, quando ele me chamou e disse que iria abrir mão para que eu fosse. O missionário anotou o meu e-mail e disse que manteria contato. Eu saí da igreja aquele dia me sentindo com uma carga extremamente importante, mas muito feliz, e maravilhada de ver como Deus agiu ali.
O tempo passou, fui aprovada como missionária colaboradora da APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais). Redigi um simples projeto para a Secretaria de Evangelismo e Missões da minha querida igreja que me deu total apoio e procurei ter contato com a equipe de saúde fixa do Senegal. No dia 1º de Fevereiro pisei em terras senegalesas. Deixei em casa a família que eu tanto amo, um emprego, nossa igreja querida, amigos, cultura, enfim, deixei pra trás minha confortável rotina e fui para um mundo desconhecido e muito misterioso aos meus olhos. A equipe missionária do Senegal me recebeu muito bem. O missionário que citei, é agora meu vizinho, Pr. Marco Motta que, juntamente com a equipe, me instruiram muito bem. Momentos de trabalho, desafios e passeios sempre foram marcados pelos livramentos do Senhor e pela comunhão com os irmãos. Houve momentos que a saudade de casa, a saudade de conviver com pessoas que já conheço bem, fizeram-me querer voltar, mas Deus me fortaleceu e consolou sempre. Alguns colegas da minha cidade ainda não entendem como eu, uma menina no início da carreira profissional, poderia abandonar o prazer dos primeiros salários por alguns meses na África, sofrendo o calor, a saudade ,enfrentando uma cultura, em alguns aspectos, estranha. Mas eu digo, estou aqui por amor ao Senhor e ao meu póximo. E, para não chamar tanto a atenção, ousei vestir uma abaaya, em santidade ao Senhor. Tirando assim, a possibilidade de olhares curiosos sobre mim.
Abaaya é uma vestimenta que as mulheres mulçumanas usam. No Senegal são poucas que mantém esse costume, mas hoje mesmo, me vesti com uma dessas pra ir ao centro da cidade onde estava acontecendo o desfile da “Independência” e observei como as pessoas me olhavam, e me tratavam. Vestida assim fiquei idêntica a uma libanesa, acho que ninguém duvidou da minha autenticidade, mas notei que fui mais respeitada, percebi que os olhares dos homens já não eram de encanto com uma branca estrangeira que poderia dar a eles o que muitas estrangeiras dão: diversão, sexo, dinheiro e quem sabe até um casamento que garantiria um passaporte pra fora daqui, mas era de respeito diante de uma figura religiosa e de cultura forte.
Uma lição, caro leitor, pode ser extraida desta minha experiência. Usando a “abaaya” como uma metáfora, pensemos nas vestes de louvor que devem adornar a nossa vida. Pensemos na santidade que deve ser o sinal evidente de que somos salvos, eleitos do Senhor. Fugir da aparência do mal e viver pra Cristo devem ser o nosso maior ideal. A Ele toda a glória!

Continuem orando por nós aqui, amanha parte da equipe de saúde sai rumo a uma aldeia próxima a Niahkar, o plano é de ficar até quinta-feira realizando procedimentos odontológicos.

Deus abençoe a todos!

Um comentário:

  1. Deus abençoe você minha irmã e te fortaleça. Gosto muito de lê seu blog... me dá esperança. Abraços.

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